domingo, 28 de fevereiro de 2010

Meninas apaixonadas III







NÃO, NÃO É UM JIPE. É UM LAND ROVER!

Lembro-me de ser miúda, de entrar num “cemitério” de Séries dum amigo do meu Pai, escolher sempre o “descapotável” amarelo torrado, e ficar horas infinitas a conduzir aquele “carro”, diferente de todos os outros, volante grande e fininho, pára-brisas tombado para a frente, todo ele chapa e parco em extras ou conforto. Fiz viagens fantásticas naquele Land Rover, sempre ali moribundo, mas palco de óptimas aventuras. Não me recordo para onde me levava a imaginação naqueles tempos… mas, como diz o Malato, ali fui muito feliz. Tanto, que cresci, e cresceu comigo esse amor por estes carros, que não têm mesmo igual.

O tempo passou… Eu tornei-me uma Mulher, e eles tornaram-se parte de mim. Nunca foram só um meio de transporte. Já chorei e sofri por Land Rover’s, o que não chorei ou sofri por pessoas. Para mim são sempre bonitos de parecerem feios, são especiais precisamente porque não são perfeitos, e dentro deles já vivi inegavelmente dos melhores momentos da minha Vida.

Quem me conhece, sabe a importância que dou aos carros. Conduzir é-me tão essencial como respirar. Os meus Pais contam que para eu sossegar e adormecer, quando era bebé, iam dar uma voltinha de carro comigo. Fui a babada co-piloto do meu bom Pai durante muitos anos, a sua perfeita cúmplice na paixão pelos motores, a ajudante curiosa na mecânica, e foi pela mão dele que aprendi a conduzir aos 15, descalça, nos antigos trilhos do Rallye de Portugal. Herdei dele esta necessidade de volante. Que fazer?... somos felizes assim, muito.

E os Land Rover’s encaixam. Encaixam no meio disto tudo. Quis a Vida que fizesse muitos Amigos com quem partilho este amor pelos 4x4 ingleses. Quis também que a minha própria vida sentimental se mesclasse com esse mesmo amor. Se estranho? Não… É-me natural quando ando de Land Rover. Quando não ando, é apenas um período de “suspensão”. Isto diz tudo, não diz?

Quando for “grande”, vou ter um Defender cor-de-rosa. Há quem não acredite, mas tem mesmo de haver sempre quem não acredite, para ter ainda mais piada. Se não for meu, e cor-de-rosa, não tem interesse. É assim que quero; leram bem: cor-de-rosa. Sei exactamente o que quero, como quero, de que jeito quero – tivesse eu certezas tão inabaláveis em tudo!... Já estive mais longe. E eu sempre fui paciente, porque a espera tem para mim um encanto doce que perfuma a vitória. E eu ainda tenho de aprender muitas coisas.

Se eu, entretanto, for ficando demasiado velhota e esclerosada para este meu sonho, ou aquele alemão maluco me der a volta completa à mioleira (Alzheimer, suas mentes pecaminosas!!!), façam-me o favor de pintar o carro que eu tiver de cor-de-rosa, e colem lá um autocolante ovalizado verde-garrafa… pode ser que eu caia na esparrela, e morro também feliz.

Até lá (ao sonho ou à doideira), já adoptei de alma & coração alguns Land Rover’s, que fazem parte da Família, mesmo se / quando vão embora. Baptizei–os a todos. E são como os filhos: cada um tem o seu lugar insubstituível dentro de nós.

Dizem que, sempre que vou ao volante de um Land Rover, vou a sorrir. É provável…. não vejo por que razão deveria disfarçar a Felicidade e o prazer que sinto.

Chega tudo isto para explicar o que é para mim um Land Rover? Não sei, digam-me vocês… É que acabou de ganhar lugar na nossa garagem (mais) um lindinho dum Defender TD5 azul, e eu não tenho mais tempo para escrever, tenho mesmo de ir lá sorrir! ;) :) :) :)

Sónia
Não tem LR, mas .... já teve e ficou apaixonada.

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